terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Reflexos na água



A idéia de fazer um blog nasceu de uma vontade súbita e tão intensa que eu não conseguia pensar em outra coisa o dia todo (essa introdução, inclusive, foi escrita entre uma garfada e outra durante o jantar, pois temia que minha terrível inconstância destruísse a euforia peculiar dos começos). Sim, um desejo repentino e fortíssimo, mas não inexplicável. É que tenho dois grandes amigos, a saber: Eduardo Cruz e Rosane de Castro, que são escritores e freqüentemente publicam algumas de suas produções em seus respectivos blogs, páginas das quais sou assíduo leitor. Creio que ainda vou falar muito deles(do Eduardo e da Rô) por aqui, posto que são , particularmente, duas referências importantes. Mais do que isso, meus cúmplices no Caminho. Deles veio minha repentina inspiração. Digo inspiração, porque a motivação real não procedeu dos dois, mas de uma vontade irresistível de me mostrar, revelar minhas preferências, meus pensamentos, sonhos e frustrações, alegrias e inquietações... enfim, era uma espécie de lampejo narcisista da alma.
E foi quando essa idéia do narcisismo me tomou, que ensaiei desistir do meu cibernético intento. Pensei: não vou me permitir fazer uma homepage movido por um sentimento tão egoísta e infantil. Quando lembrei dos nomes com os quais cogitava batizar a home (Retratos da alma, Pedaços de mim... e outros exibicionismos do tipo), ficava ainda mais irritado comigo. Parecia que eu queria me colocar numa vitrine virtual... ou representar várias facetas da minha alma em quadros pintados por mim mesmo, numa exposição egocêntrica, desmedida e descarada (me mostrar por mostrar, nada mais). Só lembrava das palavras do sábio no Livro Sagrado: Vaidade das vaidades, tudo é vaidade! O que eu não percebia era que o simples fato de não admitir uma motivação tão pouco nobre, já me abria o coração para dar um significado maior ao meu projeto. Pude ver que meu desejo de exibição não era tão seco assim. Ele estava permeado pelo íntimo clamor de ser amado, umedecido pelo conseqüente anseio de me identificar com outras pessoas. Poder compartilhar minhas lutas, dúvidas, medos, delírios, projetos, emoções... minha solidão. Isso mesmo, minha solidão! Sempre fui uma pessoa excessivamente retraída desde a adolescência, alguém com dificuldades de relacionamento (não me perguntem porquê, pelo menos agora não...poderei falar disso depois), embora tenha hoje a certeza (e a tenho desde que encontrei o Amor do meigo Nazareno) de que meus piores momentos de solidão são incapazes de me afastar da Divina Companhia, Sua presença me basta!
Pra alguns, quem sabe pra você, pode parecer um paradoxo, né?! Mas não é! Peço a Deus que o Dia o faça entender... Cáio Fábio, outra referência pessoal no Caminho, talvez possa expressar com maior clareza minhas “segundas intenções” (aquelas por trás da minha “amostração”, se é que ela ainda existe a esta altura!) ao elaborar essa página virtual. Ele diz: Diante disso, fica declarado suspenso o meu direito de me escandalizar com o que quer que seja verdade sobre você. Prefiro caminhar com você a partir de suas lutas e temores do que fingirmos que não trazemos essas coisas embutidas no cerne de nossas tribulações e dramas de vida.
Pronto, creio que agora consegui dizer o que eu queria. O internauta encontrará aqui um pouco do Que está dentro de mim. Na realidade, quem está querendo encontrar algo sou eu. Quero encontrar mais um cúmplice do Caminho. Se eu der sorte, achar um amigo... quem sabe?! Essa é minha oração. E, se Deus me abençoar mesmo, descobrir Jesus em você, meu próximo; e você em mim, como um reflexo na água. Só dessa forma, poderei te amar como a mim mesmo. Ou não foi assim que Deus nos amou? Identificando-se conosco, fazendo-se homem, tornando-se um de nós, reproduzindo em si mesmo nossa imagem caída, como um reflexo na água?
Alguém pode estar dizendo: Esse cara ,com essa estória de imagem refletida na água, só reforça suas pulsões narcisistas. Afinal, foi assim (contemplando seu próprio reflexo) que o Narciso da mitologia “apaixonou-se” por si mesmo. Perceba, no entanto, a gloriosa transformação da minha idéia egoísta inicial. Ao prostrar-me diante das águas para ver minha imagem, a Água Viva me surpreende: me faz enxergar a face do meu irmão, do meu próximo. Consigo, então, querer o seu bem como quero o meu. Compreendê-lo e ajudá-lo em suas lutas, já que elas não são tão diferentes das minhas como eu pensava, são a cruz que carregamos todos os dias. E aqui, maravilho-me com outra imagem refletida na água: a de um homem ferido carregando monte acima um pesado madeiro... ele é pregado e, em meio a agonia, intercede pelos seus algozes ofertando-lhes seu perdão... ele morre, mas no último suspiro diz que está tudo consumado, como se tivesse completado um missão... o homem de dores ressuscita ao terceiro dia e volta pra casa de seu Pai. Sim, é Ele: Jesus! É Ele o exemplo que anelo seguir desde o instante em que me ensinou a admitir minhas dores e, a partir delas, poder voltar, como Ele, ao meu lugar: os braços do Pai... o Amor pelo qual tanto clamo. É Seu amor que pretendo refletir qual reflexo na água para todos aqueles que puderem contemplá-lo... àqueles por quem Deus quis morrer.
Se em algum momento falhar em meu intento, perdoe-me, é que por enquanto, minhas águas são turvas e inquietas pelos vendavais deste tenebroso mundo, não me deixando refletir Sua imagem com perfeição. Contudo, não se preocupe, a Imagem é tão maravilhosamente bela, que minhas ondas são incapazes de ofuscar seu encanto.
Seja bem-vindo!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Sou um ateu...


Sou um ateu quando se trata do deus violento da jihad
Sou um ateu quando se trata do senhor que converte pela espada
Sou um ateu quando se torna missão de políticos usar a religião como munição

Eu creio em Você, o artista de arvores e galáxias
Eu creio em Você, o poeta dos oceanos e rios e córregos
Eu creio em Você, no Deus de compaixão que nos chama para a ação
Eu creio em Você
Eu não posso crer no que eles crêem, mas eu creio em Você
Eu creio em Você, o majestoso arquiteto do espaço e do tempo
Eu creio em Você, o compositor da beleza e da musica da vida
Eu creio em Você, o santo perdoador e selvagem reconciliador
Eu creio em Você

Sou um ateu dos deuses da ganância que ignoram os necessitados
Sou um ateu dos deuses que levam aos outros a tortura e o sofrimento
Sou um ateu quando se aceita a visão dos poucos escolhidos,
que julgam e condenam quem deles é diferente

Eu creio em Você, poderoso e manso e gentil em poder
Eu creio em Você, a palavra falada com boas notícias ao quebrado
Eu creio em Você, o mistério transcedente, conosco na história
Eu creio em Você


Bryan MacLaren

domingo, 16 de dezembro de 2007

O Natal verdadeiro


Silêncio!
O natal está chegando.
Já podemos ouvir os sons que chegam das ruas.
Já podemos ver as árvores enfeitadas de luzes.
Na TV muitas propagandas falam do natal.
Crianças correm e pedem presentes.
As lojas se enchem de pessoas que correm de um lado ao outro
Cheias de pacotes.
Comemoram-se as compras, as vendas, o consumo.

Mas o verdadeiro Natal não é esse.
O verdadeiro natal chega silencioso a cada vida,
E toma conta de cada coração
Que não tenha perdido a doçura de sentir.
Este natal chega de graça*
Trazido pelo brilho suave da mais bela das luzes.
A luz da fé.

Por isso neste natal
Mais que presentes é preciso distribuir amor.
É preciso abraçar nossos amigos.
Dividir a nossa mesa com aqueles que têm fome.
É preciso amar nossas famílias.
Caminhar com os nossos filhos.
Reaprender a doçura de sentir.
Sentir como é bom estar vivo.
Sentir como é bom ter um lar.
Sentir a grandeza do amor de Deus
Por meio do presente maior que poderia nos ser dado:
Seu filho Jesus.

E cada um que está aqui esta noite,
Cada homem, cada mulher
Que entende que o natal não é consumo... é doação.
Que entende que o natal não é uma data... é celebração.
Que sente o coração encher-se de esperança,
Tem a obrigação de ensinar nossas crianças
O valor da fé, da amizade, da solidariedade
E celebrar o nascimento de Jesus.
Que nasceu para que o mundo fosse melhor.
Que nasceu para que o mundo fosse amor.

Aluísio Jr.

Aluísio é um amigo iluminado, sua presença tem me ensinado tantas coisas boas... agradeço a Deus, querido, pelo singelo presente "de natal" que me deu este ano: você!

*grifo meu

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Paz e Comunhão


Cuida do passarinho e também da flor
Eles esperam pelo teu amor
Faz do teu lar um ninho e do mundo um chão
Onde se plante paz e comunhão
Para que brote e cresça a mais viva semente
Para que a gente tenha o que colher
Para que o pão que venha a ser por nós assado
Seja sinal traçado de viver

Faz tua nova casa na varanda do velho chão
Convida teu irmão pra vir morar contigo
Planta paredes novas feitas para servir de lar e abrigo

Faz um café gostoso
Põe a mesa no teu jardim
Deixa que assim as plantas tenham paz contigo
Convida o universo
Faz a vida ganhar maior sentido

Cuida da tua morada
Cuida do pequeno mundo
Deixa teu irmão bem perto, livre...



Autor: Gladir Cabral

Essa foto aí de cima relembra minha infância querida, tão bem vivida aqui no sítio dos meus avós. Aí estão eu (a cabecinha lá no alto) e meus irmãos, primos... pequenos e felizes... entre as folhas das plantas. A vida era só brincadeira!!! A Deus minha profunda gratidão.

Confiar em Ti...

Confiar em ti, desafiar o desespero e acreditar no teu silêncio.
Procurar nas densas névoas da maldade humana e encontrar um fio de luz que emane o bem.
Fazer-me como louco em disparada rumo ao nada que se esconde por trás do horizonte.
Viver tranquilamente no lugar onde habita as tempestades, esperar que tua voz cale o mundo e abra os céus.
Colocar a verdade em prática, apresentá-la em meus olhos marejados, meus labios em oração confusa, minha mente em extase de amor por ti.
Fazer de Ti minha grande alegria, encarar o desafio diário de deixar o ordinário ser ordinário e o divino meu precioso relicário.
Deixar em tuas mãos tudo o que eu fizer. Realizar a partir de Ti.
Descansar no Senhor, esperar pacientemente sua ação, aquietar-me para ouvi-lo, fechar os olhos para vê-lo, calar-me para falar o que Ele deseja que eu fale.
Deixar de lado a raiva e abandonar toda ira, esquecer meu apego à essas duas inconseqüentes. Avaliar melhor minhas companhias, quem sabe, fazer amizade com a bondade.
Eduardo Cruz