domingo, 20 de abril de 2008

SOBRE O ROUBO DA ARTE NA IGREJA PÓS-MODERNA - 3ª Parte



A modernidade também produziu seus efeitos maléficos sobre todas as coisas artísticas. Nos últimos dez anos muito tem sido dito sobre a pós-modernidade, e muitos evangélicos têm feito advertências contra ela, classificando-as de uma visão de mundo perigosa. Qualquer uma das lendas por meio das quais o mundo é observado tem de ser estudada criticamente, e suas deficiências devem ser apontadas. Para os cristãos, todas as visões de mundo comprometem as definições de crença e precisam ser severamente criticadas. Colocar a pós-modernidade à luz da modernidade como sendo sua peneira é dar à modernidade uma autoridade perigosa, mas aparentemente natural dentro do mundo evangélico. A própria modernidade é uma visão de mundo deficiente. É o fracasso da modernidade em cumprir suas grandes promessas de um mundo melhor que tem promovido a sua morte.

Sob a influência da modernidade, a igreja ficou obcecada por definições e pela consistência doutrinária. A modernidade se baseou no raciocínio científico e racional de que tudo poderia ser provado pela experimentação humana e de que esta exploração do campo científico poderia resultar em um mundo superior e em um ser humano muito melhor. Em muitos sentidos esta visão de mundo foi vista como uma grande ameaça ao mistério da fé. O modernismo foi colocando de lado o mistério e a fé em um mundo invisível e sobrenatural, e substituindo esse mundo por um outro que podia ser explicado em termos científicos. Que o Cristianismo tenha sido capturado por este tipo de pensamento parece um pouco inconsistente, mas isso gerou alguns séculos de teologia sistemática, apologética e ênfase exagerada na palavra falada e escrita na comunicação da verdade cristã. essas coisas em si mesmas são de grande ajuda para a causa do Cristianismo no mundo, mas a perda do mistério, da experiência e de qualquer representação artística do Evangelho foi danosa.

A Bíblia usa uma vasta gama de maneiras criativas para comunicar a verdade: a lei, a história, os poemas, as canções, a literatura, o lamento, a profecia, os provérbios, os sonhos, os anjos, os milagres, as parábolas, as pregações, as cartas e as visões.

Quando os evangélicos do mundo decidiram que a Palavra pregada era a maneira mais eficiente de Deus para comunicar, eles desprezaram o fato de que quando Jesus nasceu, Deus estava dizendo, entre outras coisas, que aqueles veículos de comunicação não eram suficientes e que a Palavra havia se tornado carne (Jo 1.1-14). A Palavra de Deus é muito mais do que palavras. A modernidade coagiu os cristãos a tomarem a carne e transformá-la em palavras novamente. A arte sofreu. Não era um tipo definido e claro de racionalismo... As histórias e as canções podem ressaltar alguns pontos da verdade e fracassar em cobrir todos os aspectos do Evangelho. Eles não perceberam que Jesus deixou de fora a doutrina crucial da propiciação na parábola do Filho Pródigo (Lc 15. 11-32).

continua...

Steve Stockman, ministro presbiteriano na Irlanda.
Ilustração: Moisés, de Michelangelo.

domingo, 13 de abril de 2008

SOBRE O ROUBO DA ARTE NA IGREJA PÓS-MODERNA - 2ª Parte

A igreja tem sido roubada. Roubada da arte. Roubada da imagem criativa de Deus.
Quem roubou a igreja? A igreja tem roubado a si mesma e muitas visões de mundo e ideologias bem intencionadas através dos séculos têm sido as ferramentas usadas nesse roubo.
A Reforma nos roubou a arte. Quando Martinho Lutero descobriu que podia ser justificado diante de um Deus santo pela graça de Deus e através da obra de Cristo (Rm 3. 21-26), este foi um momento crucial na história da igrela. Na divisão dentro do catolicismo romano, muitas decisões nos primeiros dias do protestantismo foram tomadas como reação ao rompimento com o catolicismo. Com muitas e boas razões à época, os reformadores reagiram às estátuas de santos, que ás vezes substituíam Deus como foco da oração das pessoas. Privar a igreja de qualquer arte parece ter sido uma resposta bem carente de equilíbrio. Os reformadores mais do que depressa citavam o segundo mandamento, no qual Deus diz ao seu povo: "não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra ou nas águas debaixo da terra. Não te prostarás diante deles, nem lhes prestarás culto..." (Ex 20.4). O mandamento, no entanto, não proibia arte na igreja. Onze capítulos depois doa mandamentos encontramos que a primeira pessoa a ser descrita na Bíblia como sendo cheia do espírito de Deus é Bezaléu, a quem Ele havia dado "destreza, habilidade e plena capacidade artística" (Ex 31.1-11). E ele deve usar estes dons divinamente concedidos para decorar o Lugar Santo da adoração. Hoje, a maioria dos lugares para adoração não evocam nas pessoas o coração criativo de Deus. As pessoas estão mais propensas a pensar que as igrejas foram roubadas. As artes são periféricas.

continua...

Steve Stockman, ministro presbiteriano na Irlanda.
Ilustração: A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO, de Rembrandt

domingo, 6 de abril de 2008

Refletindo Educação 3 (Educação Especial)


"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão, pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam da sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.


Mário Quintana